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Acabou o amor, mas… Isso aqui virou Turquia? Um ano das manifestações de junho

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Acabou o amor, mas… Isso aqui virou Turquia? Um ano das manifestações de junho

Segunda-feira, 17 de junho de 2013. Num incêndio coletivo, as pessoas foram às ruas reivindicar seus direitos, manifestando suas insatisfações de diversas formas possíveis. Aquilo não parecia real. Sindicatos, partidos, ongs, nada conseguiu reunir tanta gente num mesmo lugar sem música e bebida. Mas isso aconteceu. Não era sonho. Três dias depois, 20 de junho, o amanhã que prometia ser maior se cumpriu. Com um desfecho muito mais violento, em meio a balas de borracha e gás lacrimogêneo, as pessoas se dispersavam gritando: “Acabou o amor, isso aqui vai virar Turquia.” Será mesmo?

 

Acabou o amor, mas... Isso aqui virou Turquia? Um ano das manifestações de junho

Presença na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, em 17 de junho de 2013, a primeira grande manifestação do Brasil no século XXI.

 

No Brasil e na Turquia, as mobilizações começaram por motivos completamente diferentes. Enquanto aqui, foi o aumento da passagem dos ônibus, lá, foi o anúncio da remoção do parque Taksim Gezi, em Istambul. Em ambos, os grupos organizados que foram protestar tomaram um sacode da polícia. E quando a população viu isso, foi como jogar Mentos dentro de Coca-Cola.

As manifestações de junho foram espontâneas. Hoje, quase ninguém mais tem dúvida disso. Por mais que acreditemos que a democracia direta seja uma tendência futura, depois de toda a imersão de junho, vi que nada se mantém sem uma organização clara. Até mesmo a “inovação” de ocupar a calçada da residência do governador do RJ teve uma coordenação coletiva. Ainda sim, só me convenci dessa necessidade, após presenciar uma manifestação onde eu nunca imaginei estar: na Turquia.

Parei lá por acaso. Um dia conto melhor essa história. O que importa é que, no final de outubro de 2013, pousei em Istambul. Essa cidade milenar, cortada pelo estreito de Bósforo, é dividida entre dois continentes. Todo o pacotão turístico fica na parte européia. E com uma mochila nas costas e disposição na cabeça, pensei: “por que não o lado asiático”?

Na manhã do domingo, 3 de novembro, cruzei o Bósforo numa barca que lembra muito a travessia Rio-Niterói. O destino era Kadıköy, distrito do lado asiático, o mais populoso de Istambul. Desembarquei na estação. Andando mais alguns metros, começo a perceber uma quantidade anormal de pessoas se deslocando em direção à praça Central. Polícia na rua, tudo gradeado. Acostumado com nossos protestos nos dia de semana, onde algumas poucas mil pessoas vão às ruas, até achei engraçado o fato de estar ali vendo aquele pequeno movimento. Tive a sacada de fazer um vídeo no momento, falando que a “ia dar porrada por ali”. A brincadeira com fundo de verdade e um leve desespero.

 

 

Passados alguns minutos, a “realidade da vida bateu à porta”. A quantidade de pessoas com faixas, cartazes, sinalizadores, apitos, era, simplesmente, absurda. Sabe aqueles carrinhos que os entregadores de chopp usam? Então, ao invés de barris de chopp, eles levavam caixas de som potentes, e iam organizando a “manada”. Sem falar nas bandeiras do país em tudo quanto é lugar. Sagaz!

Ali, me dei conta de que Istambul é um formigueiro. Assim como São Paulo, nossa maior cidade, Istambul tem mais de 7 habitantes por quilômetro quadrado.

 

 

Quando senti que a situação iria ficar mais tensa, fui para o lado oposto das movimentações. E o que vi? Ainda mais gente. Neste segundo vídeo, você vai ver que a minha cara explica tudo. Era tanta gente, que eu me senti na Avenida Rio Branco, novamente. No meio de toda aquela confusão, só me restou observar e aguardar. Afinal, o que não tem remédio, remediado está.

Depois de ver o nível de mobilização turca, tomei uma “aula” sobre a importância de organizar para reinvindicar. Além de não sermos organizados normalmente, nossa descrença nos organizadores é ainda maior. Passados 365 dias, nada mudou. E o que fizeram com tudo aquilo que foi pedido? Deve estar em alguma gaveta em Brasília.

Nossos movimentos juninos expuseram o desespero político, a desmoralização da polícia e o receio da população. Com o tempo, vimos a passagem e a poeira abaixar. Quem se aproveitou bem desse clima foram os grupos organizados. Os garis do Rio (Comlurb) foram um exemplo de sucesso, passando por cima até mesmo de um sindicato que, teoricamente, serviria para isso. Por acaso, passei por uma das primeiras que aconteceram, próxima a Central do Brasil. Aquele mar laranja é inconfundível! Em compensação, a dos professores foi uma repetição do “tiro, porrada e bomba” das edições passadas.

Todo mês de fevereiro, temos um exemplo de organização impecável. Se quisermos, podemos aprender com nós mesmos. O que vi em Istambul tinha um pouco de escola de samba. Uma organização que está ali para ganhar.

Abaixo, mais fotos dos turcos na manifestação dominical.

Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul

Aproveite para ver os vídeos também.

Segunda-feira, 17 de junho de 2013. Num incêndio coletivo, as pessoas foram às ruas reivindicar seus direitos, manifestando suas insatisfações de diversas formas possíveis. Aquilo não parecia real. Sindicatos, partidos, ongs, nada conseguiu reunir tanta gente num mesmo lugar sem música e bebida. Mas isso aconteceu. Não era sonho. Três dias depois, 20 de junho, o amanhã que prometia ser maior se cumpriu. Com um desfecho muito mais violento, em meio a balas de borracha e gás lacrimogêneo, as pessoas se dispersavam gritando: “Acabou o amor, isso aqui vai virar Turquia.” Será mesmo?

 

Acabou o amor, mas... Isso aqui virou Turquia? Um ano das manifestações de junho

Presença na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, em 17 de junho de 2013, a primeira grande manifestação do Brasil no século XXI.

 

No Brasil e na Turquia, as mobilizações começaram por motivos completamente diferentes. Enquanto aqui, foi o aumento da passagem dos ônibus, lá, foi o anúncio da remoção do parque Taksim Gezi, em Istambul. Em ambos, os grupos organizados que foram protestar tomaram um sacode da polícia. E quando a população viu isso, foi como jogar Mentos dentro de Coca-Cola.

As manifestações de junho foram espontâneas. Hoje, quase ninguém mais tem dúvida disso. Por mais que acreditemos que a democracia direta seja uma tendência futura, depois de toda a imersão de junho, vi que nada se mantém sem uma organização clara. Até mesmo a “inovação” de ocupar a calçada da residência do governador do RJ teve uma coordenação coletiva. Ainda sim, só me convenci dessa necessidade, após presenciar uma manifestação onde eu nunca imaginei estar: na Turquia.

Parei lá por acaso. Um dia conto melhor essa história. O que importa é que, no final de outubro de 2013, pousei em Istambul. Essa cidade milenar, cortada pelo estreito de Bósforo, é dividida entre dois continentes. Todo o pacotão turístico fica na parte européia. E com uma mochila nas costas e disposição na cabeça, pensei: “por que não o lado asiático”?

Na manhã do domingo, 3 de novembro, cruzei o Bósforo numa barca que lembra muito a travessia Rio-Niterói. O destino era Kadıköy, distrito do lado asiático, o mais populoso de Istambul. Desembarquei na estação. Andando mais alguns metros, começo a perceber uma quantidade anormal de pessoas se deslocando em direção à praça Central. Polícia na rua, tudo gradeado. Acostumado com nossos protestos nos dia de semana, onde algumas poucas mil pessoas vão às ruas, até achei engraçado o fato de estar ali vendo aquele pequeno movimento. Tive a sacada de fazer um vídeo no momento, falando que a “ia dar porrada por ali”. A brincadeira com fundo de verdade e um leve desespero.

 

 

Passados alguns minutos, a “realidade da vida bateu à porta”. A quantidade de pessoas com faixas, cartazes, sinalizadores, apitos, era, simplesmente, absurda. Sabe aqueles carrinhos que os entregadores de chopp usam? Então, ao invés de barris de chopp, eles levavam caixas de som potentes, e iam organizando a “manada”. Sem falar nas bandeiras do país em tudo quanto é lugar. Sagaz!

Ali, me dei conta de que Istambul é um formigueiro. Assim como São Paulo, nossa maior cidade, Istambul tem mais de 7 habitantes por quilômetro quadrado.

 

 

Quando senti que a situação iria ficar mais tensa, fui para o lado oposto das movimentações. E o que vi? Ainda mais gente. Neste segundo vídeo, você vai ver que a minha cara explica tudo. Era tanta gente, que eu me senti na Avenida Rio Branco, novamente. No meio de toda aquela confusão, só me restou observar e aguardar. Afinal, o que não tem remédio, remediado está.

Depois de ver o nível de mobilização turca, tomei uma “aula” sobre a importância de organizar para reinvindicar. Além de não sermos organizados normalmente, nossa descrença nos organizadores é ainda maior. Passados 365 dias, nada mudou. E o que fizeram com tudo aquilo que foi pedido? Deve estar em alguma gaveta em Brasília.

Nossos movimentos juninos expuseram o desespero político, a desmoralização da polícia e o receio da população. Com o tempo, vimos a passagem e a poeira abaixar. Quem se aproveitou bem desse clima foram os grupos organizados. Os garis do Rio (Comlurb) foram um exemplo de sucesso, passando por cima até mesmo de um sindicato que, teoricamente, serviria para isso. Por acaso, passei por uma das primeiras que aconteceram, próxima a Central do Brasil. Aquele mar laranja é inconfundível! Em compensação, a dos professores foi uma repetição do “tiro, porrada e bomba” das edições passadas.

Todo mês de fevereiro, temos um exemplo de organização impecável. Se quisermos, podemos aprender com nós mesmos. O que vi em Istambul tinha um pouco de escola de samba. Uma organização que está ali para ganhar.

Abaixo, mais fotos dos turcos na manifestação dominical.

Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul Manifestações Turcas – Kadıköy / Istambul