Com seus 15 anos, frequentemente minha irmã faz perguntas complexas, naturais de quando se tem essa idade. Pra variar, sempre respondo. Não lembro os motivos, mas nas últimas vezes, paramos em questões-chave da vida, como o diálogo entre abundância e escassez.
Claro que outras questões acabaram vindo à tona, como a regulação da oferta e procura de tudo que existe. Nesse bololô, falamos de consumo, sobre como nossos genes não tiveram tempo de perceber as mudanças do mundo e quando lembramos disso, olhando nossas barrigas salientes (que se você não tem, parabéns!).
A conversa com ela findou ali. Tentando extrapolar o tema, lembrei do batido assunto sobre overdose de informação. Acabei vendo uma matéria sobre o vício em consumo de notícias, bem como todo o circo jornalístico em torno disso. Lembrei do EGO, famoso site de fofocas da Globo, e de quanta informação inútil impregna nosso ambiente.
Mas, e a fofoca?
Mas se antes eram as notícias do Ego que polemizavam na web, do tipo “Tartaruga aparece no quintal da avó de Newton, do ‘BBB'” ou “Valesca Popozuda conta como foi o encontro com Papai Noel no escuro“, agora são as histórias próximas, de pessoas que nem subcelebridades são, que povoam os Instagrams e Whatsapps. Amigos, conhecidos ou, simplesmente, reconhecidos de algum lugar estão por ali, virando assunto para uma fofocada só.
A fofoca do próximo que está próximo, sem dúvidas, é um assunto muito mais interessante do que aquela tradicional “briga entre atores da novela, filme ou seriado qualquer”. Mesmo que aparentemente desinteressantes, essas histórias reais ganharam seu espaço definitivo no ambiente online, refletindo aquele comportamento típico de vizinhos, famílias grandes e cidades do interior, onde todo mundo se conhece e nada escapa da boca do povo.
E tudo isso culpa de quem? Da abundância de mensagens trocadas pelo Whatsapp (ou qualquer outro comunicador da vez), que com velocidade e mobilidade faz tudo o que Facebook e Orkut fazem, só que com uma velocidade e fluidez bem maior.
Mas atrás daquele celular, tem uma pessoa. O problema é que a mesma mão que produz ou repassa a mensagem fofoqueira, amanhã abraça ou aperta a mão do “citado” ou da “falada”. Mas do jeito que as coisas estão, é bem provável que a “vítima” dessa história também seja um algoz, que quando passar por essa situação, descarregará toda sua ira em mais uma indireta no Facebook.
De verdade, acho estamos numa crise de escassez de coragem.