Mudamos muito, mas não mudamos tudo. Dos anos 90 para cá, a internet explodiu de uma forma que nós, pessoas comuns, pouco imaginávamos. Para os estudiosos da área, nenhuma novidade. Ainda lembro da minha surpresa ao ler o livro “A vida digital”, há uns 10 anos atrás, onde Nicholas Negroponte, um dos fundadores do Media Lab do famoso MIT, já falava com alguma clareza em 1995 sobre a realidade de hoje. As redes foram implementadas, a banda larga é uma realidade, os celulares estão conectados, mas uma coisa não mudou: a cabeça do ser humano.
Podemos falar de geração Y, X, Z, Millennial, que seja. Nosso corpo continua funcionando como sempre funcionou. Somos regulados pelo clima, pelos hormônios, pela aglomeração ou deserto de pessoas nos lugares. Quando está frio, não há quem tire as pessoas de casa. Ainda sim, se criou uma sensação de que é fácil reunir pessoas.
Recentemente, passei por uma experiência bizarra no Whatsapp. Alguém resolveu fazer um grupo de 100 pessoas, cujo único tema em comum era a participação das mesmas num movimento de igreja há 15 anos atrás. É lógico que não fez o mínimo sentido para a maioria, fazendo com que esse “grupo” derretesse pela metade em questão de horas.
O advento do Facebook e Whatsapp como ferramentas de reunião social tornou possível juntar pessoas de forma compulsória (sem bloqueio prévio, a menos que seja alguém indesejado). Diferente do velho Orkut, das redes do IRC ou bate-papo UOL, onde participávamos de acordo com nosso interesse, criou-se uma falsa sensação de poder entre aqueles que almejam ser comunicadores hoje em dia. Até poderíamos classificar isso como SPAM, que de fato acaba sendo, mas se achávamos que os spamers eram empresas de médio e grande porte, com grandes cadastros de telefone, email e ceps, agora os temos representados em figuras do nosso trabalho, conhecidos e, até mesmo, nossa família.
Os “novos spamers” de hoje têm objetivos bem mais nobres que vender algo. Muita das vezes, eles desejam apenas reunir pessoas. Porém, é nessa hora que até mesmo quem tem um bom motivo, precisa entender que as pessoas se movem pelos seus próprios interesses, e que juntar “à força” só irá gerar ainda mais rejeição entre os seus pares. Em suma, se achávamos que as ferramentas sociais “facilitaram”, na verdade elas só pouparam o trabalho de juntar os telefones das pessoas. Convencer e cativar ainda são a tecnologias mais necessárias para reunir pessoas em torno de um ideal.
Por isso, não se engane. Estude e compreenda a tecnologia social. Entendendo isso, as ferramentas eletrônicas serão apenas um detalhe.