Distrital Misto, Proporcional Aberto, Distrital Puro, Distritão. Quando os caminhos sobre a reforma eleitoral começaram a ser cogitados, a única certeza que tínhamos é que do que jeito que estamos não poderíamos continuar.
O nosso sistema proporcional aberto sempre foi questionável. Eleger diversos vereadores ou deputados por conta dos votos que geravam o tal “quociente” nos partidos sempre foi algo absurdo e incompreensível na visão da população. Especialmente, dada a quantidade de malandros que são eleitos no bolo.
O fato até poderia ser minimizado, caso o eliminássemos a coligação partidária, que transforma todos os partidos em grandes “partidões” nas eleições. Sem coligações, cada partido defenderia o seu de forma federal, como deveria ser. Também poderíamos ver dizimados os tais minutos eleitorais — ilusoriamente gratuitos – na tv. Mas ninguém passou próximo a esse tema.
Voto facultativo? Nem pensar.
E nos restou, mais uma vez, inventar.
Por que defendo o Distrital Misto?
Eu poderia falar como a mídia ou políticos, dizendo que “nas grandes democracias”… mas o fato é que, sem distrital misto, não há muita solução.
O brasileiro médio precisa ter o poder de decisão do voto em suas mãos. Ele precisa ter a sensação de está “resolvendo a parada”. E esse pragmatismo eleitoral vem no voto certo no nome.
Por mais que você não goste, ou não queira admitir, a política brasileira é — e talvez sempre será — personalista.
O voto distrital é o mata-mata no campeonato eleitoral. É o todos contra todos que se torna eliminatório nos 3 últimos dias de campanha. É uma eleição bem mais barata, que permitiria implementar as práticas de CRM — Relacionamento com Consumidor — no processo completo.
Mas por que não usar o distrital puro?
A ideia é sedutora. Mas a tendência é termos disputas regionais tão fortes que qualquer outra pauta poderia ser prejudicada. Ou você tem dúvidas de que, numa eleição territorial, um candidato se atreveria a falar sobre qualquer outro assunto?
No mundo dos sonhos, pode acontecer. Na vida real, o candidato tomaria um block eleitoral. Salvo nas zonas mais ricas e resolvidas do país, que são pouquíssimas. (Rio de Janeiro é um belo exemplo para isso)
E os partidos com ideias e causas?
Para esses, a gente deixaria umas vagas, para que eles pudessem ter seus deputados defendendo causas que numa campanha geográfica nunca fariam sentido. Afinal, distrito significa território. E discutir problemas macros que, não necessariamente fazem parte do território, poderia soar bem louco para os eleitores, como falei no parágrafo acima.
Mas tem um problema nesse formato. Um caroço no angu que me incomoda muito: a lista fechada, suavemente chamada de pré-ordenada.
No Brasil, qualquer coisa “fechada” para a decisão do público significa aberta para vagabundos.
Qual seria a solução para corrigir isso?
Ao invés das pessoas votarem na legenda do partido, elas fariam como acontece hoje: votariam no candidato, sabendo o que ele representa.
Seriam muitos números para o eleitor votar? Sim, seriam. É difícil? Sim, é. Mas ninguém disse que seria fácil promover a democracia.
Talvez, o grande problema dessa quantidade de votos seja a coincidência de mandatos. Não faz muito sentido votar em tantos candidatos num só dia. No final, o usuário médio só comenta sobre candidatos majoritários, votando no legislativo de acordo com a amizade ou afinidade com o majoritário. Ou pior: vai no bolo, votando em qualquer um.
Precisamos nos esforçar para achar um caminho justo que faça sentido. Se for para ficar elegendo“campeões de audiência” nos distritões da vida, a tendência é que essa desconexão das pessoas com os políticos só aumente.