A exposição pública tem três níveis:
1. Quando nos tornamos muito vistos aos olhos dos outros por termos feito algo bom ou útil.
2. Quando fizemos ou sofremos algo ruim ou péssimo para alguém ou socialmente.
3. Ou quando prometemos ou propomos algo que já fizemos ou não para muita gente, que tem altas expectativas e confianças na pessoa em questão.
Esse terceiro caso, tem várias nuances. Muita das vezes está no que chamamos de política. Essa mesma, com políticos que são eleitos para tocar o setor público.
Este é o primeiro post que escrevo aqui depois de 2020, ano que me candidatei a vereador de São Gonçalo, cidade que cresci e vivi durante anos.
A candidatura foi um fechamento de ciclo, especialmente por conta do trabalho com o simsaogoncalo.com.br. Porém, mais do que isso, me ajudou a testar sobre como é sentir-se uma pessoa publicamente exposta.
Aparecer por ter feito ou criado algo legal nunca foi um segredo para mim, desde moleque, por conta da música. Mas estar na posição de proponente de algo, lidando com os legítimos anseios das pessoas, é muito diferente.
Num ambiente tão complexo e desigual como a sociedade brasileira, lidar com tais expectativas frustradas, na possibilidade de ser um lugar melhor para se viver, pode ser muito difícil.
O fato do estado estar presente em boa parte da economia, especialmente em lugares com carência de empregos formais e serviços de qualidade, tornam a proximidade de pessoas com algum acesso ao poder uma porta para possibilidades e cobranças que, boa parte das vezes, não serão atendidas, por conta da limitação que todo poder impõe.
Lidar com esses sentimentos alheios não é algo fácil.
E descobri que, nesse momento da minha vida, é difícil lidar com a frustração das pessoas em relação à política e suas implicações na vida real.
A cada problema que eu ouvia, sentia a necessidade de me envolver profundamente. Mas como seres humanos que somos, tempo e espaço são limitadores reais pra nossa ação.
Sem dúvidas, gosto muito do ambiente político. Mas sendo um profissional. Não à frente, como detentor dos votos. A resiliência para lidar com um caminhão de expectativas frustradas diariamente é uma vocação.
A política pode resolver tudo. Já os políticos nem sempre tem o mesmo poder.
Com esses sentimentos, prosseguimos como sociedade. Trabalhando para o progresso, sempre sendo um anti-regresso.