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Marcas, escolas e samba

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Marcas, escolas e samba

As Escolas e o Samba / Matheus Graciano

Em janeiro, começam os ensaios de rua das escolas de samba. Eles são fundamentais no engajamento da comunidade com a escola. Mas com o passar do tempo, principalmente nos últimos anos, a impressão que tenho é de que eles perderam a sua função de “despertar paixões” nas novas gerações. Hoje nas ruas, são muitas as barraquinhas de bebidas, coisa que há um tempo atrás era bem menos. Poder econômico aumentando. Se tem mais gente vendendo, tem mais comprando. Fico com a sensação de que a escola é só mais uma coadjuvante daquilo ali. Besteira minha?

A primeira pista sobre essa “impressão” foi dada numa entrevista do Laíla, o chefão do carnaval da Beija Flor. Segundo o dirigente, a quantidade de pessoas dispostas a participar do carnaval está diminuindo. Lembro que há 15 anos atrás, ainda era comum ver pessoas que trabalhavam na escola em troca da fantasia. Com a profissionalização do carnaval, o impacto da entrada de outras religiões no jogo social e a possibilidade de viajar, devido à ascensão financeira, toda essa movimentação parece não ter a mesma força de antes.

Por outro lado, os eventos pré-carnaval foram adaptados pela faixa de areia com a participação dos “blocos temáticos”. Com mais competências visuais e sonoras, geram maior interesse para as marcas. E a zona que só tem a São Clemente (e porque não a Acadêmicos da Rocinha) como representante carnavalesca, reinventou o pré, o durante e o pós-carnaval nos últimos tempos. Há oito anos atrás, quando iríamos imaginar que as ruas seriam um atrativo maior que a Sapucaí?

Penso que os ensaios de rua ainda podem voltar a ser o que eram antes. Concomitantemente, podem atrair marcas interessantes para as ações nas ruas. E veja, não estou falando de marcas de bebidas (leia-se cerveja). Aí, é fácil demais! Lembrando que ação não é estampar a marca na camisa da escola. Isso é preguiça! Na rua as pessoas se reúnem e discutem assuntos mil, um potencial absurdo para quem quer ser visto e comentado por essas pessoas.

Não sei até que ponto as marcas sabem que os ensaios existem. Nem como eles ainda são eventos aguardados pela comunidade. Também não sei até onde o planejamento das escolas de samba pensa nisso, desejando apaixonar e rentabilizar ao mesmo tempo. Acontece que o tempo está passando. Esperar o público na quadra é bem diferente de ir às ruas com a escola. As famílias torcedoras estão nas ruas. Longe do fator moralista, penso identificação vem de berço, na infância e adolescência. Não na juventude com uma lata de cerveja na mão.

Outro dado é o “fenômeno” da classe-média, que “aplaina” esses laços culturais, cultivados de forma mais forte quando se está mais próximo à pobreza. Talvez o carnaval seja um exemplo desse processo. Aos poucos ele está deixando de ser a única opção e se tornando mais uma. Pra quem diz que gosta das coisas “de raíz”, é melhor correr.

Aproveite para ver os vídeos também.

As Escolas e o Samba / Matheus Graciano

Em janeiro, começam os ensaios de rua das escolas de samba. Eles são fundamentais no engajamento da comunidade com a escola. Mas com o passar do tempo, principalmente nos últimos anos, a impressão que tenho é de que eles perderam a sua função de “despertar paixões” nas novas gerações. Hoje nas ruas, são muitas as barraquinhas de bebidas, coisa que há um tempo atrás era bem menos. Poder econômico aumentando. Se tem mais gente vendendo, tem mais comprando. Fico com a sensação de que a escola é só mais uma coadjuvante daquilo ali. Besteira minha?

A primeira pista sobre essa “impressão” foi dada numa entrevista do Laíla, o chefão do carnaval da Beija Flor. Segundo o dirigente, a quantidade de pessoas dispostas a participar do carnaval está diminuindo. Lembro que há 15 anos atrás, ainda era comum ver pessoas que trabalhavam na escola em troca da fantasia. Com a profissionalização do carnaval, o impacto da entrada de outras religiões no jogo social e a possibilidade de viajar, devido à ascensão financeira, toda essa movimentação parece não ter a mesma força de antes.

Por outro lado, os eventos pré-carnaval foram adaptados pela faixa de areia com a participação dos “blocos temáticos”. Com mais competências visuais e sonoras, geram maior interesse para as marcas. E a zona que só tem a São Clemente (e porque não a Acadêmicos da Rocinha) como representante carnavalesca, reinventou o pré, o durante e o pós-carnaval nos últimos tempos. Há oito anos atrás, quando iríamos imaginar que as ruas seriam um atrativo maior que a Sapucaí?

Penso que os ensaios de rua ainda podem voltar a ser o que eram antes. Concomitantemente, podem atrair marcas interessantes para as ações nas ruas. E veja, não estou falando de marcas de bebidas (leia-se cerveja). Aí, é fácil demais! Lembrando que ação não é estampar a marca na camisa da escola. Isso é preguiça! Na rua as pessoas se reúnem e discutem assuntos mil, um potencial absurdo para quem quer ser visto e comentado por essas pessoas.

Não sei até que ponto as marcas sabem que os ensaios existem. Nem como eles ainda são eventos aguardados pela comunidade. Também não sei até onde o planejamento das escolas de samba pensa nisso, desejando apaixonar e rentabilizar ao mesmo tempo. Acontece que o tempo está passando. Esperar o público na quadra é bem diferente de ir às ruas com a escola. As famílias torcedoras estão nas ruas. Longe do fator moralista, penso identificação vem de berço, na infância e adolescência. Não na juventude com uma lata de cerveja na mão.

Outro dado é o “fenômeno” da classe-média, que “aplaina” esses laços culturais, cultivados de forma mais forte quando se está mais próximo à pobreza. Talvez o carnaval seja um exemplo desse processo. Aos poucos ele está deixando de ser a única opção e se tornando mais uma. Pra quem diz que gosta das coisas “de raíz”, é melhor correr.