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O susto de Delhi

Soluções digitais para instituições e marketing político.

O susto de Delhi

Depois de ter saído de Istambul com água no olho e chumbo no peito, era o momento de ir para o ponto final. Saía de uma cidade populosa para outra com mais gente ainda. A diferença? A ordem. E essa é bem importante para o progresso.

Lá embaixo, neblina. Muita neblina. Avião pousa, passa a imigração e logo chego ao encontro do metrô. O aeroporto de Delhi é melhor, quando comparado aos brasileiros. Mas na saída, o primeiro contato com os taxistas deixa tudo igual. Com a diferença básica do jeitinho “todo especial” do indiano em encher o saco. Até ele estourar. Olhei no Maps With Me e vi que onde eu ficaria tinha metrô. Nada mais lógico do que pegar o metrô até lá, não? Hum… acho que não.

A linha que integra o aeroporto à malha metroviária é perfeita. Ela é separada das demais. Funciona bem, é limpa e rápida. Faz um trajeto grande por 150 rúpias, cerca de 5,70 reais. No caminho, o cenário não é dos melhores. Mas nem chegava perto do que se poderia chamar de “realidade da vida”. Estação de integração Nova Delhi. Chegava ao fim a breve molezinha confortável. Eram sete da manhã. Saltei na estação, segui as setas e fui comprar o novo bilhete. Mas a primeira imagem foi bizarra.

Primeiro susto: a multidão que se acotovelava para entrar no metrô. Era muito indiano para um só vagão. Seria impossível entrar ali de mochila. Como um erro leva ao outro, cometi o segundo saindo da estação para ver se encontrava um táxi do lado de fora… pobre, Matheus.

Segundo susto: a miséria. Mesmo vivendo no Brasil, em particular num lugar recheado de favelas e locais de pouquíssima infraestrutura, como é o Rio, aquela cena indiana vai ficar pra sempre na minha mente. O fog que tomava conta do lugar, era uma mistura de neblina e fumaça, fruto da poluição que assola Delhi. Crianças seminuas, gente comendo mal, dormindo no meio da poeira do chão, botando fogo em montes de lixo ao redor da via, fora o contraste com os anteriores dias europeus. A porrada visual foi grande.

Andei por aquele caminho como se estivesse num cenário de guerra, fétido e desolador. Impactou. Não era choque cultural, era pobreza. E pobreza não é cultura. É tristeza.

De olho no maps, caí no erro novamente, agora acreditando que poderia chegar ao hotel andando. Cruzei a estação de trem e saí num outro ponto que era ainda mais o zoneado. O outro lado da estação já estava um fuzuê imenso, o que depois pude conferir que só iria piorar ao longo do dia. Perdido, tentei pegar um tuk-tuk. Só tentei. Eles não queriam me levar ao ponto que pedi, era fora de mão. E os que se “solidarizavam”, no final só queriam me vender um “cheap room”, falando um inglês com hindi, que me deixou ainda mais estressado. Sem alternativas, continuei andando em direção ao hotel para ver no que daria.

Ao longo da via, vi umas cenas bizarras que nem compensam ser relatadas. Entre os primeiros ensinamentos indianos, entendi que o tão usado incenso para “acalmar o ambiente” é usado para disfarçar os péssimos odores de um lugar com grande déficit de banheiros como a Índia. Além disso, são ótimos repelentes de moscas e mosquitos. Comecei a dar mais importância à PAZ que um ambiente sem insetos e com bons odores traz.

Depois de ter andado uns 20 minutos, apareceu um “tuktukeiro” no meu caminho. Ofereceu me levar no hotel por 20 rúpias e eu, na merda colossal que estava, não tive como dizer não. Foi um dos melhores negócios que fiz. Ele me levou até lá, onde cheguei, entrei e apaguei. É claro, rolaram umas tensões no hotel, nada amistoso de início. Mas faz parte do jogo. Dormi sem saber o que ainda me aguardava naqueles próximos dias.

O susto de Delhi

Considerações importantes sobre Delhi

A estação Nova Delhi é um importante eixo de integração entre trens regionais e o metrô. E como em toda estação de trens, ônibus, portos e aeroportos, sempre há uma concentração de gente, seja por conta da possibilidade de arrumar um dinheiro. Seja pela sua doação espontânea ou, infelizmente, na mão grande (furtos). Ainda mais se você tiver que aguardar ali, enquanto seu trem não vem.

O fato de eu ter chegado pela manhã agravou a situação. Este é o momento que a população de rua ainda está por ali, acordando e se mobilizando para sair de cena. Após isso, os comerciantes dominam o local e espantam a miséria em estado bruto dali. Pelo menos até o próximo anoitecer.

O metrô de Delhi também estava cheio por causa da integração com os trens nacionais. É tranquilo e barato, o que pude constatar nos dias subsequentes. O horário de pico é um pouco mais tarde, não tão cedo como o nosso. E a população que anda de metrô não é pobre, pois a impressão que tive é que estes não tem nem grana para andar ali direito.

Não pense que a “zona hoteleira” de Delhi é bonita. Parece Itaboraí há uns anos atrás. Fiquei num lugar chamado Karol Bagh. E depois ainda achei bom. Futuramente farei um novo post, sobre minha ida em 2016 para lá.

Aproveite para ver os vídeos também.

Depois de ter saído de Istambul com água no olho e chumbo no peito, era o momento de ir para o ponto final. Saía de uma cidade populosa para outra com mais gente ainda. A diferença? A ordem. E essa é bem importante para o progresso.

Lá embaixo, neblina. Muita neblina. Avião pousa, passa a imigração e logo chego ao encontro do metrô. O aeroporto de Delhi é melhor, quando comparado aos brasileiros. Mas na saída, o primeiro contato com os taxistas deixa tudo igual. Com a diferença básica do jeitinho “todo especial” do indiano em encher o saco. Até ele estourar. Olhei no Maps With Me e vi que onde eu ficaria tinha metrô. Nada mais lógico do que pegar o metrô até lá, não? Hum… acho que não.

A linha que integra o aeroporto à malha metroviária é perfeita. Ela é separada das demais. Funciona bem, é limpa e rápida. Faz um trajeto grande por 150 rúpias, cerca de 5,70 reais. No caminho, o cenário não é dos melhores. Mas nem chegava perto do que se poderia chamar de “realidade da vida”. Estação de integração Nova Delhi. Chegava ao fim a breve molezinha confortável. Eram sete da manhã. Saltei na estação, segui as setas e fui comprar o novo bilhete. Mas a primeira imagem foi bizarra.

Primeiro susto: a multidão que se acotovelava para entrar no metrô. Era muito indiano para um só vagão. Seria impossível entrar ali de mochila. Como um erro leva ao outro, cometi o segundo saindo da estação para ver se encontrava um táxi do lado de fora… pobre, Matheus.

Segundo susto: a miséria. Mesmo vivendo no Brasil, em particular num lugar recheado de favelas e locais de pouquíssima infraestrutura, como é o Rio, aquela cena indiana vai ficar pra sempre na minha mente. O fog que tomava conta do lugar, era uma mistura de neblina e fumaça, fruto da poluição que assola Delhi. Crianças seminuas, gente comendo mal, dormindo no meio da poeira do chão, botando fogo em montes de lixo ao redor da via, fora o contraste com os anteriores dias europeus. A porrada visual foi grande.

Andei por aquele caminho como se estivesse num cenário de guerra, fétido e desolador. Impactou. Não era choque cultural, era pobreza. E pobreza não é cultura. É tristeza.

De olho no maps, caí no erro novamente, agora acreditando que poderia chegar ao hotel andando. Cruzei a estação de trem e saí num outro ponto que era ainda mais o zoneado. O outro lado da estação já estava um fuzuê imenso, o que depois pude conferir que só iria piorar ao longo do dia. Perdido, tentei pegar um tuk-tuk. Só tentei. Eles não queriam me levar ao ponto que pedi, era fora de mão. E os que se “solidarizavam”, no final só queriam me vender um “cheap room”, falando um inglês com hindi, que me deixou ainda mais estressado. Sem alternativas, continuei andando em direção ao hotel para ver no que daria.

Ao longo da via, vi umas cenas bizarras que nem compensam ser relatadas. Entre os primeiros ensinamentos indianos, entendi que o tão usado incenso para “acalmar o ambiente” é usado para disfarçar os péssimos odores de um lugar com grande déficit de banheiros como a Índia. Além disso, são ótimos repelentes de moscas e mosquitos. Comecei a dar mais importância à PAZ que um ambiente sem insetos e com bons odores traz.

Depois de ter andado uns 20 minutos, apareceu um “tuktukeiro” no meu caminho. Ofereceu me levar no hotel por 20 rúpias e eu, na merda colossal que estava, não tive como dizer não. Foi um dos melhores negócios que fiz. Ele me levou até lá, onde cheguei, entrei e apaguei. É claro, rolaram umas tensões no hotel, nada amistoso de início. Mas faz parte do jogo. Dormi sem saber o que ainda me aguardava naqueles próximos dias.

O susto de Delhi

Considerações importantes sobre Delhi

A estação Nova Delhi é um importante eixo de integração entre trens regionais e o metrô. E como em toda estação de trens, ônibus, portos e aeroportos, sempre há uma concentração de gente, seja por conta da possibilidade de arrumar um dinheiro. Seja pela sua doação espontânea ou, infelizmente, na mão grande (furtos). Ainda mais se você tiver que aguardar ali, enquanto seu trem não vem.

O fato de eu ter chegado pela manhã agravou a situação. Este é o momento que a população de rua ainda está por ali, acordando e se mobilizando para sair de cena. Após isso, os comerciantes dominam o local e espantam a miséria em estado bruto dali. Pelo menos até o próximo anoitecer.

O metrô de Delhi também estava cheio por causa da integração com os trens nacionais. É tranquilo e barato, o que pude constatar nos dias subsequentes. O horário de pico é um pouco mais tarde, não tão cedo como o nosso. E a população que anda de metrô não é pobre, pois a impressão que tive é que estes não tem nem grana para andar ali direito.

Não pense que a “zona hoteleira” de Delhi é bonita. Parece Itaboraí há uns anos atrás. Fiquei num lugar chamado Karol Bagh. E depois ainda achei bom. Futuramente farei um novo post, sobre minha ida em 2016 para lá.