Quando você cria um negócio, um projeto ou uma instituição, é natural e necessário que façamos uma marca. Escolhemos o nome e, em muitos casos, já pensamos no “símbolo” que representará todo aquele conjunto de valores que acreditamos. Nesses anos como designer, fazendo e observando a identidade visual de pequenas e médias empresas, uma frase recorrente sempre vem à mente: “empresário, sua marca não é a Nike”.
Durante os anos 90 e 2000, a Nike foi uma empresa bem presente nos comerciais de tv, revistas e tudo quanto era mídia interessante por aqui. Nunca gostei dos tênis, pois sempre os achei meio brutos e toscos. Em compensação, era inegável que as melhores propagandas – pelo menos para quem curtia esporte – vinham deles. Por esse motivo também era muito comentada. E algo que chamou muita atenção foi o fato deles terem abandonado o “logotipo”, ou seja, a parte escrita “NIKE”, tendo a representação focada no símbolo de “correto”, ou como você quiser interpretá-lo. Em suma, aquele sinalzinho era o bastante.
Isso parece ter ficado na cabeça de muitos empresários. Entendo que o componente “sonho” seja bem presente na vida das pessoas, mas precisamos lidar com a realidade de modo frontal, entendendo quem somos no mundo de acordo com cada momento. Com os negócios, funciona da mesma forma. Não adianta você, empresário, acreditar que seu novo e inédito negócio tenha que ter o símbolo gráfico x ou y, se você não consegue divulgá-lo numa escala mínima, onde pelo menos os seus compradores o terão em mente. É preciso compreender que você não tem nem 0,01% da verba publicitária de empresas como a Nike, Starbucks, Globo ou McDonalds para aplicar em seu negócio. No mundo das mais de 90% das pequenas e médias empresas, a estratégia é outra.
Há pouco tempo atrás, falei sobre a importância do nome para as pessoas. Precioso. Esse foi o melhor adjetivo encontrei para um bom nome. Aliás, quando falo em bom, leia-se, aquele que é facilmente identificável, memorável e que venha acompanhado de um bom slogan, com a melhor descrição da atividade que você oferece. É isso que precisamos enfatizar. E um bom logotipo faz parte dessa estratégia. Afinal, se não conseguirmos ler o nome de uma empresa pouco conhecida, de que adianta?
A sua marca visual no site, cartão ou qualquer outra mídia é importante, ressalto. Mas, você se lembra da última vez que alguém indicou algo para você? Provavelmente, a pessoa puxou lá do fundo da memória um NOME, da pessoa ou da empresa, e relacionou com a necessidade do momento.
Veja, não estou dizendo aqui que é desnecessário ter símbolos gráficos. Pelo contrário, se couber na proposta, ótimo. O que não se pode acreditar é que um símbolo é a salvação para o reconhecimento de uma marca. Não, não é. A curto prazo, precisamos de dinheiro para movimentar as mídias, apostando num tripé bem conhecido: alcance + frequência + relevância.
Lembre-se sempre que você e sua marca são apenas “mais um” no mundo. Ninguém está no centro. Nos negócios, somos todos substituíveis. Por isso precisamos nos fazer relevantes. Sempre.