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Jingle Político: como criar uma música memorável na conquista por votos

O jingle político é uma música. E como toda música, pode surgir do acaso criativo ou em uma construção planejada.

Soluções digitais para instituições e marketing político.

Jingle Político: como criar uma música memorável na conquista por votos

O jingle político é uma música. E como toda música, pode surgir do acaso criativo ou em uma construção planejada.

O jingle político é a parte da campanha eleitoral feita pra escutar. Criado pra soar mais fácil que qualquer discurso, é aquela música de melodia gostosa, letra fácil, que ajuda a fixar o nome e o número do candidato na mente das pessoas. Campanhas políticas são hiper visuais. Num mundo repleto de telas de celular, televisões e bandeiras nas ruas, muitas vezes a conquista acontece na audição, quando “toca os ouvidos”.

Pra você que está em busca de métodos e referências pra criar um jingle, aproveite e confira aqui o passo a passo completo para fazer a sua música chiclete eleitoral.

O que é Jingle Político?

O jingle político é a música que vai divulgar a candidatura para as pessoas. O objetivo é divulgar duas mensagens principais: o nome da pessoa candidata e o número na votação.

Quando a música é boa e o momento do político também, a mágica acontece: conexões emocionais são criadas com os eleitores, criando um ambiente para trazer mais votos.

A quantidade de canais disputando nossa atenção é gigante! Isso faz com que a mensagem seja cada vez mais concisa, com canções mais curtas e objetivas. O suficiente para que as pessoas cantem, assobiem e a memorizem, sem fazer muito esforço.

Fazer paródia ou criar a própria música?

Atualmente, só é possível fazer paródias com autorização dos compositores da canção. Na prática, funciona assim: você faz e, se o compositor não reclamar, tá liberado.

Depois de uma série de audiências em 2023, incluindo a participação da Marisa Monte se posicionando contra as paródias, o TSE aprovou a resolução 23.732/2024, proibindo o uso, salvo com a permissão do autor.

Pra você que não lembra, paródias são versões de músicas autorais.

Qual a vantagem da paródia?

A grande vantagem de se fazer uma paródia é a relativa facilidade de divulgação do jingle, uma vez que a canção usada tem a melodia já reconhecida pelos eleitores.

E a grande desvantagem da paródia?

A primeira, mais óbvia, é que o autor/autora da canção original poder cassar o direito de uso da música, derrubando o investimento de tempo e grana em cima de um jingle-paródia.

Já a segunda, tem haver com o bloqueio dos players, como Spotify, Youtube Music, Apple Music, entre outros, na hora de subir a música nesses tocadores, por conta dos direitos autorais. Hoje é possível subir o jingle via ferramentas como a OneRpm, por exemplo, para compartilhar o link com mais facilidade, além do uso fácil nas redes sociais de forma nativa, como no Instagram. Nesse caso, ter uma música própria é libertador para toda a estratégia fluir.

Passo a passo na criação do jingle político memorável

O jingle político é uma música. E como toda música, pode surgir do acaso criativo ou em uma construção planejada.

Na criação de uma paródia, é fundamental respeitar as características do arranjo original, como as linhas de baixo, melodia dos metais e bpm, por exemplo. Hoje, com o avanço das ferramentas de edição, está ainda mais fácil, sendo possível tirar a voz do artista solo e substituir pela do cantor ou cantora do jingle.

Por ser uma criação artística, em alguma medida, não há uma ordem exata dos passos. Entretanto, artistas costumam seguir métodos (mesmo que não registrados). E se a sua ideia é construir do zero, eu vou te passar o meu passo a passo na composição.

1. Escolha o estilo musical, o ritmo e a velocidade

O Brasil é gigante! São muitos ritmos musicais em todos os lugares. Cada cidade ou região tem a sua preferência. Logo, se você não souber, faça uma pesquisa nas redes sociais pra entender melhor a situação.

Veja o planejamento da comunicação e o perfil dos eleitores do candidato. Avalie se é uma campanha mais jovem, mais madura, mais conservadora ou progressista. Pode ser uma música mais bem humorada, mais séria, que descontraia ou que transmita uma jornada épica. Vai depender do público e cada detalhe importa.

2. Faça o refrão

Refrões são o coração da música popular dos nossos tempos. No jingle então, nem se fala. Dá pra reduzir um jingle a um refrão, se quiser. Já pra um jingle político eficaz, que entregue sua mensagem de forma clara e massiva, é fundamental que o refrão seja o mais cativante possível.

Pessoalmente, eu prefiro acordes maiores. Geralmente, estes passam um sentimento mais feliz, vibrante e motivador. Se o perfil do candidato exigir algo diferente, tente outros caminhos, como um modo de escala menor. Afinal, cada campanha é uma campanha.

3. Criando a Letra do Jingle

Agora é a hora da caneta. A música precisa ser lembrada e memorizada, num espaço de 45 dias de campanha. Vamos ao clássico:

Nome e Número: Essa dupla é o coração da mensagem de um jingle. Trabalhe com isso em vista.

Letras simples: A simplicidade da letra é o que faz ela ir mais longe. Se a campanha for bem humorada, brinque com trocadilhos, faça piadas e deixe-a mais leve possível. Mesmo sendo mais séria, trate o tema de forma simples, sem firulas.

Conte uma história: Contar a jornada da pessoa até a sua candidatura, falar sobre os motivos dela ter entrado na vida pública ou falar sobre suas bandeiras políticas ou causas que luta são boas formas de criar conexões com futuros eleitores. Além de material para completar a estrofe.

Distribuição do jingle nas ruas e no digital

Toda vez que alguém finaliza a criação de uma obra musical, o segundo passo é distribuí-la. Fazê-la chegar ao público!

Nas ruas, ainda vigora a resolução nº 23.610/2019, na qual o TSE especifica as potências e tamanhos dos carros de som ou minitrios que podem ser usados na campanha. E claro, é neles que o jingle vai tocar incessantemente.

No digital, se a sua música for própria, ou seja, não for paródia, você vai poder fazer o upload dela nos agregadores de música, como a OneRPM (que citei anteriormente) ou em qualquer outra similar. A música será distribuída em todos os tocadores de música, como Spotify, Deezer, Youtube Music, entre outros que você selecionar na plataforma.

O principal benefício disso é que torna possível incluir o jingle político em qualquer postagem das redes sociais, como Instagram e TikTok. Facilitando a vida dos fãs e apoiadores que desejam publicar vídeos e imagens com o jingle tocando.

Via whatsapp também é uma possibilidade muito boa. E o processo é ainda mais simples: um disparo de mensagem com a música e as pessoas já recebem. Fora as outras opções que ainda aparecerão no futuro.

Melhores Jingles da História do Brasil

Não faltam jingles históricos e memoráveis no Brasil. Somos um país musical, com uma indústria fonográfica das mais criativas do mundo. Confira algumas das minhas seleções.

Observação: aqui tem mais coisas do Rio de Janeiro, porque sou daqui. Mas os exemplos são variados.

1. Pra ficar legal / Sérgio Cabral, Prefeito do Rio 1996

A campanha para a prefeitura do Rio em 1996 foi marcante em vários níveis. Para o nosso assunto, temos um dos jingles políticos mais lembrados até hoje, o “Pra ficar legal”, do compositor Preto Jóia.

2. O Rio de Gabeira / Gabeira, Prefeito do Rio 2008

Há quem diga que esse jingle foi um dos responsáveis por tirar o Gabeira de um 4º lugar nas pesquisas e levá-lo ao 2º turno daquelas eleições, contra Eduardo Paes. Exageros ou não, essa música é quase um mantra, com repetições do nome enquanto o rap é cantado.

Selecionei esse jingle porque ele tem algumas peculiaridades. A primeira coisa é a repetição incessante do nome, ao mesmo tempo que acontecem os versos. A outra é que a harmonia é numa escala menor (Bm), que não traz a “festividade” das escalas maiores, mas que, nesse caso, se comunicava com os valores daqueles eleitores.

3. Retrato do Velho / Getúlio Vargas, Presidência da República 1950

Esse é um exemplo de jingle único. Tem a ausência do número porque as pessoas votavam numa cédula com o nome. Porém… nem o nome se fala na música! Já a história, o conceito, está tudo ali. Uma canção que marca um retorno festivo de uma pessoa que o eleitor já conhece bem. Lembrando que há um outro jingle dessa campanha, mas que foi completamente sublimado por esse.

4. Varre Vassourinha / Jânio Quadros, Presidência da República 1960

Jingle histórico e memorável! Não só pelo assunto “corrupção” abordado de forma extremamente lúdica, “varrendo a bandalheira”, mas também pelos recursos sonoros, como o “sch, sch, sch” feito no silêncio da música. Uma arte!

5. Lula lá / Lula, Presidência da República 1989

O mais clássico dos clássicos. Entretanto, diferente das outras referências, vou por o compositor do jingle relatando o processo completo de composição. Uma das coisas que ele cita é sobre não querer por o nome do partido na letra. Neste caso, um acerto gigante, porque retirou da música a possibilidade de uma possível rejeição por aqueles que já tem rejeição aos assuntos políticos.

6. Levanta a Mão / Fernando Henrique Cardoso 1994 e 1998

As duas eleições presidenciais disputadas por FHC são interpretadas por Dominguinhos, um dos grandes músicos desse país. Pessoalmente, sempre destaco esses dois jingles pela poesia que há. A partir de um gesto, brifado pelo estrategista da campanha, fez-se um jingle que poderia, tranquilamente, ser uma música popular ou trilha de filme. Por acaso, é um jingle político.

O jingle de 1998 é ainda melhor que o primeiro, talvez por incorporar uma visão mais moderna no arranjo. O fato da segunda canção dar continuidade à primeira também complementa a ideia de continuidade de governos, uma vez que aquela eleição inauguraria a era das reeleições no Brasil.

7. Ey, Ey, Eymael / Eymael 1989 – 2014

Este jingle é um meme antes dos memes. O democrata cristão nunca ganhou uma eleição majoritária. Mas em todas que disputou, essa música sempre ganhou as mentes das pessoas.

8. Bolsonaro é 17 e 22 / Bolsonaro 2018 e 2022

Hoje é possível falar, sem dúvidas, que as eleições de 2018 inauguraram um novo momento eleitoral no Brasil. Foi a primeira eleição geral com apenas 45 dias, ao invés dos 90 de antes. O jingle evidencia isso de forma clara, com o pragmatismo do “nome e número”. O fato do candidato ter pouco tempo de campanha na TV (algo que não fez diferença alguma na época), tornou necessário fazer com que o eleitor memorizasse seu número, o 17.

Já em 2022, amplamente conhecido por estar disputando a reeleição, o desafio foi lembrar ao eleitor número de seu novo partido, o 22 do PL. Ambos os exemplos são completamente diferentes dos anteriores. Mas são completamente alinhados com os tempos atuais.

Conclusões sobre os tipos de jingle político

Olhando os jingles políticos memoráveis, você pode perceber que eles são bem mais antigos. Não que tenhamos desaprendido a fazer, não é isso. A realidade é que o mundo mudou. E as campanhas também.

Como você viu anteriormente, o melhor exemplo disso são as campanhas do Bolsonaro. O jingle tornou-se mais uma ferramenta de venda e menos uma composição que conceitua a campanha, dando o “tom”.

Nada impede que mais jingles sejam usados numa campanha, inclusive, com propósitos diferentes, como conceituar e memorizar, dependendo das necessidades regionais.

Já falei sobre como criar o jingle, as formas de distribuição e as referências históricas. Se você chegou até aqui na leitura, segue uma análise mais conceitual.

O que fez alguns jingles se tornarem históricos?

Primeiro de tudo, a qualidade da canção. Não estou falando sobre a qualidade técnica da gravação e do arranjo, especificamente, mas do tripé letra, ritmo e melodia. Quem ficou memorável começou por esse ponto.

Em segundo lugar, o mundo analógico com grandes alcances. Antes da internet, éramos reféns de apenas dois veículos populares de audiovisual: a televisão e o rádio. Ambos com alcance de mais de 95% das pessoas no Brasil.

Alta frequência dos anúncios políticos. Até pouco tempo atrás, as eleições duravam 90 dias. Mas em 2016, novas regras passaram a vigorar, reduzindo para 45 dias. Menos tempo de exposição nas ruas, na rádio e na televisão fizeram muita diferença. Os 3 meses anteriores eram o suficiente para criar um sucesso.

Diferenças entre campanhas majoritárias e proporcionais

Você deve ter percebido que quase todos os exemplos que pus aqui são de campanhas majoritárias, que são para presidente, governador, prefeito e senador. São eleições com mais visibilidade, mais relevância para o público em geral, por serem mais personalistas.

Já as de vereadores e deputados estaduais e federais estão num outro campo. A disputa para esses cargos é muito maior, o que força essas campanhas a serem muito mais pragmáticas na demarcação do nome e do número.

E o que os jingles tem a ver com isso? Tudo!

Uma campanha de governador ou prefeito, por exemplo, pode tem a missão de mudar a imagem percebida de um candidato, reduzindo sua rejeição e ampliando sua aceitação entre um público diverso, tornando o jingle político uma ferramenta nesse jogo.

Já a campanha legislativa é marcada pela grande disputa de atenção entre outros vários candidatos. E toda hora e lugar são oportunidades de publicizar o nome desejado na disputa.

E termino aqui. Espero que este post tenha sido útil pra você. Boa composição e boa campanha!

Aproveite para ver os vídeos também.

O jingle político é a parte da campanha eleitoral feita pra escutar. Criado pra soar mais fácil que qualquer discurso, é aquela música de melodia gostosa, letra fácil, que ajuda a fixar o nome e o número do candidato na mente das pessoas. Campanhas políticas são hiper visuais. Num mundo repleto de telas de celular, televisões e bandeiras nas ruas, muitas vezes a conquista acontece na audição, quando “toca os ouvidos”.

Pra você que está em busca de métodos e referências pra criar um jingle, aproveite e confira aqui o passo a passo completo para fazer a sua música chiclete eleitoral.

O que é Jingle Político?

O jingle político é a música que vai divulgar a candidatura para as pessoas. O objetivo é divulgar duas mensagens principais: o nome da pessoa candidata e o número na votação.

Quando a música é boa e o momento do político também, a mágica acontece: conexões emocionais são criadas com os eleitores, criando um ambiente para trazer mais votos.

A quantidade de canais disputando nossa atenção é gigante! Isso faz com que a mensagem seja cada vez mais concisa, com canções mais curtas e objetivas. O suficiente para que as pessoas cantem, assobiem e a memorizem, sem fazer muito esforço.

Fazer paródia ou criar a própria música?

Atualmente, só é possível fazer paródias com autorização dos compositores da canção. Na prática, funciona assim: você faz e, se o compositor não reclamar, tá liberado.

Depois de uma série de audiências em 2023, incluindo a participação da Marisa Monte se posicionando contra as paródias, o TSE aprovou a resolução 23.732/2024, proibindo o uso, salvo com a permissão do autor.

Pra você que não lembra, paródias são versões de músicas autorais.

Qual a vantagem da paródia?

A grande vantagem de se fazer uma paródia é a relativa facilidade de divulgação do jingle, uma vez que a canção usada tem a melodia já reconhecida pelos eleitores.

E a grande desvantagem da paródia?

A primeira, mais óbvia, é que o autor/autora da canção original poder cassar o direito de uso da música, derrubando o investimento de tempo e grana em cima de um jingle-paródia.

Já a segunda, tem haver com o bloqueio dos players, como Spotify, Youtube Music, Apple Music, entre outros, na hora de subir a música nesses tocadores, por conta dos direitos autorais. Hoje é possível subir o jingle via ferramentas como a OneRpm, por exemplo, para compartilhar o link com mais facilidade, além do uso fácil nas redes sociais de forma nativa, como no Instagram. Nesse caso, ter uma música própria é libertador para toda a estratégia fluir.

Passo a passo na criação do jingle político memorável

O jingle político é uma música. E como toda música, pode surgir do acaso criativo ou em uma construção planejada.

Na criação de uma paródia, é fundamental respeitar as características do arranjo original, como as linhas de baixo, melodia dos metais e bpm, por exemplo. Hoje, com o avanço das ferramentas de edição, está ainda mais fácil, sendo possível tirar a voz do artista solo e substituir pela do cantor ou cantora do jingle.

Por ser uma criação artística, em alguma medida, não há uma ordem exata dos passos. Entretanto, artistas costumam seguir métodos (mesmo que não registrados). E se a sua ideia é construir do zero, eu vou te passar o meu passo a passo na composição.

1. Escolha o estilo musical, o ritmo e a velocidade

O Brasil é gigante! São muitos ritmos musicais em todos os lugares. Cada cidade ou região tem a sua preferência. Logo, se você não souber, faça uma pesquisa nas redes sociais pra entender melhor a situação.

Veja o planejamento da comunicação e o perfil dos eleitores do candidato. Avalie se é uma campanha mais jovem, mais madura, mais conservadora ou progressista. Pode ser uma música mais bem humorada, mais séria, que descontraia ou que transmita uma jornada épica. Vai depender do público e cada detalhe importa.

2. Faça o refrão

Refrões são o coração da música popular dos nossos tempos. No jingle então, nem se fala. Dá pra reduzir um jingle a um refrão, se quiser. Já pra um jingle político eficaz, que entregue sua mensagem de forma clara e massiva, é fundamental que o refrão seja o mais cativante possível.

Pessoalmente, eu prefiro acordes maiores. Geralmente, estes passam um sentimento mais feliz, vibrante e motivador. Se o perfil do candidato exigir algo diferente, tente outros caminhos, como um modo de escala menor. Afinal, cada campanha é uma campanha.

3. Criando a Letra do Jingle

Agora é a hora da caneta. A música precisa ser lembrada e memorizada, num espaço de 45 dias de campanha. Vamos ao clássico:

Nome e Número: Essa dupla é o coração da mensagem de um jingle. Trabalhe com isso em vista.

Letras simples: A simplicidade da letra é o que faz ela ir mais longe. Se a campanha for bem humorada, brinque com trocadilhos, faça piadas e deixe-a mais leve possível. Mesmo sendo mais séria, trate o tema de forma simples, sem firulas.

Conte uma história: Contar a jornada da pessoa até a sua candidatura, falar sobre os motivos dela ter entrado na vida pública ou falar sobre suas bandeiras políticas ou causas que luta são boas formas de criar conexões com futuros eleitores. Além de material para completar a estrofe.

Distribuição do jingle nas ruas e no digital

Toda vez que alguém finaliza a criação de uma obra musical, o segundo passo é distribuí-la. Fazê-la chegar ao público!

Nas ruas, ainda vigora a resolução nº 23.610/2019, na qual o TSE especifica as potências e tamanhos dos carros de som ou minitrios que podem ser usados na campanha. E claro, é neles que o jingle vai tocar incessantemente.

No digital, se a sua música for própria, ou seja, não for paródia, você vai poder fazer o upload dela nos agregadores de música, como a OneRPM (que citei anteriormente) ou em qualquer outra similar. A música será distribuída em todos os tocadores de música, como Spotify, Deezer, Youtube Music, entre outros que você selecionar na plataforma.

O principal benefício disso é que torna possível incluir o jingle político em qualquer postagem das redes sociais, como Instagram e TikTok. Facilitando a vida dos fãs e apoiadores que desejam publicar vídeos e imagens com o jingle tocando.

Via whatsapp também é uma possibilidade muito boa. E o processo é ainda mais simples: um disparo de mensagem com a música e as pessoas já recebem. Fora as outras opções que ainda aparecerão no futuro.

Melhores Jingles da História do Brasil

Não faltam jingles históricos e memoráveis no Brasil. Somos um país musical, com uma indústria fonográfica das mais criativas do mundo. Confira algumas das minhas seleções.

Observação: aqui tem mais coisas do Rio de Janeiro, porque sou daqui. Mas os exemplos são variados.

1. Pra ficar legal / Sérgio Cabral, Prefeito do Rio 1996

A campanha para a prefeitura do Rio em 1996 foi marcante em vários níveis. Para o nosso assunto, temos um dos jingles políticos mais lembrados até hoje, o “Pra ficar legal”, do compositor Preto Jóia.

2. O Rio de Gabeira / Gabeira, Prefeito do Rio 2008

Há quem diga que esse jingle foi um dos responsáveis por tirar o Gabeira de um 4º lugar nas pesquisas e levá-lo ao 2º turno daquelas eleições, contra Eduardo Paes. Exageros ou não, essa música é quase um mantra, com repetições do nome enquanto o rap é cantado.

Selecionei esse jingle porque ele tem algumas peculiaridades. A primeira coisa é a repetição incessante do nome, ao mesmo tempo que acontecem os versos. A outra é que a harmonia é numa escala menor (Bm), que não traz a “festividade” das escalas maiores, mas que, nesse caso, se comunicava com os valores daqueles eleitores.

3. Retrato do Velho / Getúlio Vargas, Presidência da República 1950

Esse é um exemplo de jingle único. Tem a ausência do número porque as pessoas votavam numa cédula com o nome. Porém… nem o nome se fala na música! Já a história, o conceito, está tudo ali. Uma canção que marca um retorno festivo de uma pessoa que o eleitor já conhece bem. Lembrando que há um outro jingle dessa campanha, mas que foi completamente sublimado por esse.

4. Varre Vassourinha / Jânio Quadros, Presidência da República 1960

Jingle histórico e memorável! Não só pelo assunto “corrupção” abordado de forma extremamente lúdica, “varrendo a bandalheira”, mas também pelos recursos sonoros, como o “sch, sch, sch” feito no silêncio da música. Uma arte!

5. Lula lá / Lula, Presidência da República 1989

O mais clássico dos clássicos. Entretanto, diferente das outras referências, vou por o compositor do jingle relatando o processo completo de composição. Uma das coisas que ele cita é sobre não querer por o nome do partido na letra. Neste caso, um acerto gigante, porque retirou da música a possibilidade de uma possível rejeição por aqueles que já tem rejeição aos assuntos políticos.

6. Levanta a Mão / Fernando Henrique Cardoso 1994 e 1998

As duas eleições presidenciais disputadas por FHC são interpretadas por Dominguinhos, um dos grandes músicos desse país. Pessoalmente, sempre destaco esses dois jingles pela poesia que há. A partir de um gesto, brifado pelo estrategista da campanha, fez-se um jingle que poderia, tranquilamente, ser uma música popular ou trilha de filme. Por acaso, é um jingle político.

O jingle de 1998 é ainda melhor que o primeiro, talvez por incorporar uma visão mais moderna no arranjo. O fato da segunda canção dar continuidade à primeira também complementa a ideia de continuidade de governos, uma vez que aquela eleição inauguraria a era das reeleições no Brasil.

7. Ey, Ey, Eymael / Eymael 1989 – 2014

Este jingle é um meme antes dos memes. O democrata cristão nunca ganhou uma eleição majoritária. Mas em todas que disputou, essa música sempre ganhou as mentes das pessoas.

8. Bolsonaro é 17 e 22 / Bolsonaro 2018 e 2022

Hoje é possível falar, sem dúvidas, que as eleições de 2018 inauguraram um novo momento eleitoral no Brasil. Foi a primeira eleição geral com apenas 45 dias, ao invés dos 90 de antes. O jingle evidencia isso de forma clara, com o pragmatismo do “nome e número”. O fato do candidato ter pouco tempo de campanha na TV (algo que não fez diferença alguma na época), tornou necessário fazer com que o eleitor memorizasse seu número, o 17.

Já em 2022, amplamente conhecido por estar disputando a reeleição, o desafio foi lembrar ao eleitor número de seu novo partido, o 22 do PL. Ambos os exemplos são completamente diferentes dos anteriores. Mas são completamente alinhados com os tempos atuais.

Conclusões sobre os tipos de jingle político

Olhando os jingles políticos memoráveis, você pode perceber que eles são bem mais antigos. Não que tenhamos desaprendido a fazer, não é isso. A realidade é que o mundo mudou. E as campanhas também.

Como você viu anteriormente, o melhor exemplo disso são as campanhas do Bolsonaro. O jingle tornou-se mais uma ferramenta de venda e menos uma composição que conceitua a campanha, dando o “tom”.

Nada impede que mais jingles sejam usados numa campanha, inclusive, com propósitos diferentes, como conceituar e memorizar, dependendo das necessidades regionais.

Já falei sobre como criar o jingle, as formas de distribuição e as referências históricas. Se você chegou até aqui na leitura, segue uma análise mais conceitual.

O que fez alguns jingles se tornarem históricos?

Primeiro de tudo, a qualidade da canção. Não estou falando sobre a qualidade técnica da gravação e do arranjo, especificamente, mas do tripé letra, ritmo e melodia. Quem ficou memorável começou por esse ponto.

Em segundo lugar, o mundo analógico com grandes alcances. Antes da internet, éramos reféns de apenas dois veículos populares de audiovisual: a televisão e o rádio. Ambos com alcance de mais de 95% das pessoas no Brasil.

Alta frequência dos anúncios políticos. Até pouco tempo atrás, as eleições duravam 90 dias. Mas em 2016, novas regras passaram a vigorar, reduzindo para 45 dias. Menos tempo de exposição nas ruas, na rádio e na televisão fizeram muita diferença. Os 3 meses anteriores eram o suficiente para criar um sucesso.

Diferenças entre campanhas majoritárias e proporcionais

Você deve ter percebido que quase todos os exemplos que pus aqui são de campanhas majoritárias, que são para presidente, governador, prefeito e senador. São eleições com mais visibilidade, mais relevância para o público em geral, por serem mais personalistas.

Já as de vereadores e deputados estaduais e federais estão num outro campo. A disputa para esses cargos é muito maior, o que força essas campanhas a serem muito mais pragmáticas na demarcação do nome e do número.

E o que os jingles tem a ver com isso? Tudo!

Uma campanha de governador ou prefeito, por exemplo, pode tem a missão de mudar a imagem percebida de um candidato, reduzindo sua rejeição e ampliando sua aceitação entre um público diverso, tornando o jingle político uma ferramenta nesse jogo.

Já a campanha legislativa é marcada pela grande disputa de atenção entre outros vários candidatos. E toda hora e lugar são oportunidades de publicizar o nome desejado na disputa.

E termino aqui. Espero que este post tenha sido útil pra você. Boa composição e boa campanha!